Sala De Pânico - Kosta

Todos nós temos uma escapatória do mundo real.
Todos nós de vez em vez fugimos para aquele lugar criado mentalmente.
Uns para fugirem do quotidiano, outros para se esconderem de alguém e ainda outros para relembrar o passado e pensar no futuro.
Pois eu tenho um sitio desses.
É uma sala pequena, um cubo total.
Sem janelas, sem portas, sem maneira possível de fugir.
Paredes pintadas de vermelho, chão pintado de preto, dando a ilusão de queda para o abismo.
Num canto, um colchão branco manchado de sangue.
As paredes com meros pregos onde alguns contém molduras, umas vazias, outras com fotos.
As molduras vazias são aquelas que continham fotos de amores não correspondidos.
As molduras com fotos são aquelas que contém amores correspondidos.
Existem 3.
A primeira ta marcada com 1 risco na diagonal de sangue.
A segunda com 2 riscos, criando uma cruz.
A terceira... a que mais me custou riscar. Não foi um amor normal.
4 meses assim foram, 4 riscos eu lá coloquei.
...
Esta ultima caiu recentemente, partindo-se em mil pedaços.
A foto partiu com a moldura e com os vidros.
O chão absorveu tudo, ficando la preso a figura despedaçada daquela que amei.
Agora não tenho escolha se não observar uma foto despedaçada, tal como o meu coração.
...
O porque de ter um refugiu tão horrível, perguntam vocês.
Pois bem, isto porque sempre senti que a sala está vazia e precisa de urgentemente ser preenchida com algo.
Logo fico horas e horas a olhar para as fotos, sentado no colchão sangrento em espera que alguém rebente com uma parede e atire com baldes de tinta colorida lá para dentro, para então me resgatar de um sofrimento passado que tanto me persegue.
Sou masoquista nas tantas.
Mas prontos esta é a minha sala de pânico, aquela onde procuro refugiu para gritar, chorar e tudo mais.